domingo, 28 de novembro de 2010

Tempo,tempo,tempo.....





Queridos, faz tempo desde a última atualizada, mas temos novidades…

Bem, ficamos no Rio muito mais tempo do que panejamos . Este período foi muito rico, aproveitarmos nossa rotina à bordo, ficamos mais perto do Mauro, profundas conversas, laços mais fortes, família. Kasuo…uma ótima companhia, solidariedade, sapiência oriental e ótimas comidinhas também.
Mehoramos nossa técnica nos trabalhos diários do barco, conhecemos pessoas muito interessantes. Respeitamos o tempo de tudo….da natureza, o nosso em relação adaptação a rotina à bordo, ao tempo cronológico, que nos fez refletir e não correr para chegar, e sim aproveitar a viajem seja ela para onde for. Ficamos mais fortalecidos.
Tentamos sair com aquela frente fria. O Kasuo embarcou à tarde e como previsto, chovia e ventava…de madrugada o barco arrastou , arrumamos um novo lugar e esperamos amanhecer para sair. Saímos as 6:30 sem chuva com vento em torno de 12 a 15 nós sudoeste. Mar grosso, muito desconforto na saída da baía da Guanabara. Depois de mais ou menos 1hora e meia de viajem Marina já tinha vomitado mais de cinco vezes e não conseguia se hidratar….Ficou molinha, páliada, enfim, avisei o restante da tripulação. Pensamos…. o Bossa Nova estava começando a ficar mais confortável, só na vela, com ondas de quase 2,5 m. Andava muito bem. Mas como estávamos a 10 horas de Cabo Frio e não sabíamos como ela ficaria, tomamos a decisão de voltar. Esta decisão, sabíamos, que seria responsável por deixar o barco no Rio , pois não teríamos mais tempo hábil….Nosso trabalho que começaria em janeiro irá começar em dezembro e tínhamos infinitas providencias a tomar em terra, em Belém. E sair correndo, direto até Recife , estava fora do nosso objetivo que era desfrutar das paragens com tranquilidade.
Depois de 2 horas estávamos novamente na baía da Guanabara e Marina começou a melhorar. Arrumamos as coisas e fomos trabalhar e pensar.
Após 1 semana voltamos decidos a deixar o barco em Angra e desfrutar da tranquilidade e beleza do lugar que tanto sonhamos estar com nosso barco….Seria tranquilo para Marina e bem mais perto do Fe, da Lu e dos amigos de São Paulo que nem conheceram o barco .
Decisão tomada, avaliamos a previsão do tempo e decidimos partir no dia 14 de nov às 22h. Mauro e Paulo foram conosco. Noite Linda, muitas estrelas, luzes do Rio de Janeiro …magnífica visão. Mas havia muitos navios, e atenção total durante à noite. Mar tranquilo, vento favorável, estrelas cadentes, vela grande para ajudar, mas o vento era fraco.
O dia raiou num espetáculo de tons laranja, rosa, vermelho, , o mar acalmou , parecia que estava observando…..contemplação, agradecimento aos Deuses e Deusas da natureza.
Entramos na baíada da Ilha Grande com um vento delicioso, céu azul, sol. Muitas conversas gostosas, e claro, Mauro e Paula depois de conhecer as belezas deste lugar e terem gostado do dia a dia a bordo , estavam decididos a comprar um veleiro, talvez um atol 23.
Fomos direto para Ubatubinha, nosso cantinho, Lelé nos recebeu com uma ajuda pegando a poita. Colomamos o Tom na água e fomos tomar uma batitida de côco e comer pastéis. Conhecemos um pessoal da França muito bacanas e como de costume no mar, batemos um longo papo.
À noite fizemos uma bacalhoada e jogamos conversa fora no cockpit. No dia seguite fomos direto para Bracuhy , pois o Mauro e Paula tínham que ir embora e iam ver se achavam um atoll 23 por lá. Tudo corrido, chegamos na Marina sem ninguém para ajudar ou definir onde iríamos parar. Rolou um stress….mas no final tudo deu certo.
Eles se foram e nós ficamos arrumando o barco e conversando com ele….Agora, depois de 3 meses vivendo à bordo, iríamos passar a nos ver de vez em quando….Bateu um aperto, mas acho que foi a decisão correta. É que essa vidinha é muito boa e o Bossa Nova é muito companheiro, aconchegante, marinheiro…Saudades, mas logo estaremos de volta. Temos uma nova missão , um novo trabalho que também inclui dias de folga à bordo, nos cantinhos tão sonhados, com nosso amado barquinho.
Até breve. Bossa Nova. Te amamos!!!
Como o bossa nova é eclético, deixamos uma música do Caetano ….para refletir sobre o tempo, sobre as coisas da vida ,suas passagens.

Agradecemos a todos que acompanharam a construção deste sonho, aos tripulantes da web, como são todos amigos, agora podemos combinar para passarmos uns dias juntos.
Bons ventos
Marcia , Maurício e Marina.

Oração ao tempo- Caetano Veloso

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...

domingo, 17 de outubro de 2010

Jardim Botânico








Ontem o Kasuo nos levou ao Jardim Botânico. Um lugar inesquecível para os amantes da natureza. Impossivel nào ficar emocionado com a sinfonia de pássaros, barulho das águas, do vento nas árvores. Logo na entrada havia uma escultura de um grupo de mulheres dançando em círculo, movimentos suaves, lunares, ao sabor dos ventos, celebrando a Grande Mãe…lindo, saudades das amigas de dança tribal da Ilhabela, quase criei coragem para dançar ali, mas dançei nos meus pensamentos…

Caminhamos por diversas alamedas, observando a diversidade das espéceis de árores, flores pássaros, sempre sobre os braços abertos do Cristo redentor. As palmeiras imperiais nos faziam viajar no tempo e imaginar porque tudo não esta’ tão cuidado como este jardim…..Uma ilha em volta de muitos problemas, mas ele está aqui ainda, perto de nós para ser comtemplado, servir de inspiração para tantos poetas, enamorados, fotógrafos , pintores etc. Realizei um sonho, conheci o espaço Tom Jobim, lindas fotos do poeta maior, suas partituras, rabiscos, fotos com Vinícius de Morais, trechos de poesia. Uma emoção. Entendi porque tanto amor por este lugar….

Caminhamos, Kasuo observando, indicando o melhor angulo para observar as árvores, sempre de baixo para cima para analisar suas copas . Falamos sobre bonsai, e ele japonês nada ortodoxo, não gosta, pois acha que as plantas sofrem, perdem a chance de seguir seu curso. Acho que ele está certo.

Marina caminhou bastante, cansou pediu colinho, mas quando viu as tartarugas e ainda por cima pondo ovos, ficou eufórica, conversava com as tartarugas , dizia que ela as via no mar, do lado do Bossa Nova, uma fofa!!!


Também havia uma exposição de fotos cujo tema era pais e filhos. Fotos de pais e seus filhos em diversos países, no meio de suas culturas, cores, traços, bem bonito e ficamos com muita saudade do Fe e da Lulu!!

Voltamos para Marina da Gloria, num lindo final de tarde, com direito a uma bela luna à noite , mas nem tudo estava perfeito. Rolou uma balada, daquelas que toca o mesmo tum,tum,tum a noite toda, mas isso não atrapalhou nosso sono de pedra, pois pela manhã fizemos revisão de 50 horas do motor, demos uma geral no barco, saímos para a civilização para almoçar e depois finalizamos com este passeio.
Agora nos preparamos para póxima perna, e hoje fomos cedo ao mercado, compramos as provisos e saímos da marina da Glória para nossa prainha da Urca. Um veleiro enorme com bandeira belga pegou “nossa vaga , a baía estava disputada….havia um veleiro clássico lindo de mais ou menos 30 pés casco azul marinho, mastro de madeira com bandeira da nova zealandia, outro francês de seus 40 a 50 pés, além dos moradores tradicionas : Acauã, Unlimeted, e uma lancha catamarã e outros veleiros de passagem. Achamos um cantinhos e jogamos ferro a primeira tentative não ficamos bem, e os belgas subiram ao convés como quem diz, aí não vai dar certo, saímos e fomos mais pra for a da baía.

A frente fria chegou, sudoeste, 10 a 12 nós, céu nublou e ficou mais frio…Esperamos que este vento nos leve com tranquilidade até Vitória…

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Rio de janeiro











Rio de Janeiro

Após uma boa noite de sono, acordamos com a baía da Guanabara como um lago, dia estava um pouco nublado, tomamos nosso belo café da manhã, e começamos arrumar a bagunça. Ao nosso lado havia dois veleiros um cal 9,2 e um brasilia 32. Vimos um de nossos vizinhos saindo no botinho e o chamamos para vir ao barco. Era o Patricio, simpatico argentino, que vive a bordo com sua esposa há 6 nos. Deu as dicas do local, falou que é muito seguro, ele deixa o botinho na praia enquanto faz suas compras, avisou sobre o vento forte que ia chegar etc. . Combinamos de fazer algo juntos no Bossa Nova.

A Urca é um lugar especial no Rio de Janeiro, uma viajem no tempo, casas lindas, de vários estilos, mas com carinha de casa aconchegante, portões baixos, flores nas janelas, parecia que estávamos nos anos 50/60. Muitos pássaros e micos pulando nos galhos das árvores. E é bem seguro, para velejadores é um daqueles lugares perigosos, pois dá vontade de ficar muito tempo…..em frete a praia do antigo casino, tem bancos, mercado, banca de jornal, lixeira, guarda vida que sempre da uma olhada no botinho, ônibus fácil para o centro e a pizzaria entrega pizza para velejadores é só ir pegar na praia. Adoramos !!! E para melhorar, o Mauro irmão do Mauricio mora numa ruazinha linda , do lado do Bossa Nova, menos de 50 metros da praia.
Sabendo que entraria um vento forte, mudamos o barco de lugar, para um angulo mais seguro. No final da manhã entrou a atividade pre frontal, forte, carneirando na baía. Nosso amigo Kasuo que veio no veleiro Santa Clara dar um oi, voltou rápido para a marina , pois a coisa tava pegando….Demos 60 metros de corrente e esperamos….As rajadas chegaram a 40 nós!!! A noite toda, só acalmou depois das 4 da manhã. Longa noite, não dormia, preocupada se o Bossa Nova aguentaria a pauleira. …Mas, como todas as tempestades : no mar, terra ou nas profundezas da alma….elas passam!!! Ficamos contentes com o comportamento do barco. Dentro dele estávamos aquecidos, quase não sentíamos sua dança no vento, sensação de segurança. Para Marina, era como se nada estivesse acontecendo, fazia seu quebra cabeça da Barbie sereia, e outros mais, bricou de panelinha e dormiu.

No dia seguinte, ainda chovia, ventava mais leve e nosso amigo Kasuo veio nos ajudar com o motor. Uma epopéia para chegarem a remo, contra um vento de 10 a 13 nós….chuva, mas chegaram. Ele ohou o motor,deu uma mexida no rele de partida e tudo certo, funcionou!. Passou o dia conosco, conversamos muito. Como aprendemos com o Kasuo….Daí quando falavamos que estávamos preocupados com o proximo trecho, devido a época do ano, Marina etc…Ele falou que estaria disponível para ir conosco !!!!!Oba, uma boa companhia e ajuda!!!
Parou de chover, deu um mormaço , baía estava um lago….Era a natureza e seus ciclos, suas frentes, torrentes e agora como diz meu querido Tom Jobim :“muita calma pra pensar e ter tempo pra sonhar “. E assim fizemos, brincamos na popa do barco com Marina, ela conversou com o mar, dizendo que ia cuidar dele, que não ia deixar cair sujeira ….. Pensamos no nosso roteiro, comtemplamos a vista, brincamos no botinho. Mas estávamos ansiosos par ver o Mauro e a Paula que chegariam de São Paulo e viriam jantar conosco. Assim que o Mauro desceu do avião ligou e disse : vi vocês lá de cima. Fizemos um risotto de bacalhau. Mauricio foi pegá-los na praia de botinho, tudo certo sem vento!!!! Troxeram um kit Siciliano que Mauro ganhou de um aluno: queijo, vinho etc. Trouxeram presentes para Marina que vovó Vevé e Tia Mara mandaram e deram uma boneca de pano muito engraçada, que ela chamou da Xinbica. O Mauro troxe o violão e fez uma seleção de Bossa Nova….Cantamos, cantamos, também ouvimos ele tocar músicas cubanas, poemas lindos….A noite estava uma delicia, eles dormiram no barco…….Foi muito gostoso.
No dia seguinte no café da manhã o Mauro falou de seu interesse em comprar um veleirinho para passear pela baía… Agora mais um para o time.
Fomos para terra, resolver coisas…terrenas: contas, roupas sujas etc. e voltamos paea o barco para planejar o roteiro. Vimos que havia uma frente fria com vento muito forte de leste , ondas e resolvemos esperar passar….
Este periodo foi muito importante, pois estamos tendo tempo de criar nossa rotina a bordo com Marina, conhecer o compoetamento e funcionamento das coisas no barco e arrumá-las. Fiz um diagnóstico de uma vazamento num local de difícil acesso na pia e arrumei, não ficou perfeito, mas ….deu certo !
Incrível como a manutenção de um barco nesta fase de “descobertas “ nos envolve , demanda tempo….. Mas é assim mesmo, tem que cuidar.
Percebemos que ficaríamos mais tempo que o esperado no Rio, decidimos ir a Sampa, matar saudade do Felipe, Luiza ( estava viajando ) , do Naninho ,Vevé e do restante da família . O barco ficou na Marina da Glória.
A Marina da Glória é bem interessante, abrigada, mas sentimos falta de alguns servicos : Mercado, lavanderia, posto de disel etc.
Fizemos amigos logo que chegamos, o povo do mar é muito bacana. Tem gente que mora aqui gente que tem barco e vem quase diariamente dar uma olhadinha e ver amigos, enfim, pessoal legal.Conhecemos o Victor um oceanógrafo que mora em um veleiro Boto 16 todo arrumadinho, com soluções para driblar o espaço ou seja a falta dele.O Ivo que tem um Arpege 30 clássico muito bonito, foi gentil e nos deu seu livro, "muito dinheiro. Grandes problemas".Encontramos com um frances o Axel, que é casado como uma francesa que comprou o Maitaroa , barco que o Cabinho e sua familia foram para a Africa do Sul. Agora estão no sul da França no Mediterrâneo. Ganhamos camisetas da turma do "Animares da Marina ". Também conhecemos o Celso que construiu pelo menos 2 barcos do Cabinho e já velejou bastante por aí, deu dicas , gostou do barco e nos autografou seu livro : memórias da varanda.
O Bossa Nova recebeu muitas visitas de pessoas do mar que queriam assuntar aquele barco diferente nestas paragens. Os velejadores que encontramos não se caracterizavam pelo número de pés do seu barco, mas pela suas experiências, vontade de dividí-las, solidariedade e amor pelo mar.

Em um desses dias fez um belo sol e saímos com o Mauro para abestecer de diesel e dar uma velejada…uma delicia…..
O Kasuo nos levou para passear no Forte de Santa Cruz da Barra em Niterói. Lindo lugar, uma viagem no tempo. Vista fabulosa da entrada na baía da Guanabara, e entre muitos canhões, havai flores, um céu azul e o Corcovado…..
Ontem dia estava bonito , saímos com Mauro para velejar…. o Bossa Nova estava com suas velas cheias, vento de 16 a 17nós de través e fomos até Niterói. Fizemos 6,6 nós de velocidade. O barco veleja gostoso, estável, ficamos felizes com o seu desempenho . Voltamos para Marina e estamos aguardando o tecnico da Yamar fazer a revisão de 50 horas para planejarmos a saída para próxima perna.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

De Angra dos Reis ao Rio de Janeiro











Chegamos do Pará e fomos direto para a marina de Bracuhy, na Tlaloc encontrar o Bossa Nova. Marina foi correndo e conversou com ele : Bossa nova eu já voltei, não precisa chorar mais, tô aqui e vou cuidar de você”. E assim fizemos: limpamos, arrumamos e perfumamos!!! O bimini e a batcapa estavam ótimos. A vela que encomendamos ficou linda : área reduzida, para velejarmos á noite com mais segurança de cor laranja fosforecente. Foi aí que conhecemos o Christian, do veleiro Bacanas que deu a volta ao mundo com sua esposa e trabalha na Tlaloc, fazendo velas….Deu muitas dicas , nos ajudou com a previsão do tempo, enfim….conhecemos pessoas muito legais neste período . Ana nos deu varios presentinhos muito úteis , arrumaram várias outras coisas do barco. O pessoal é muito bacana e profissinal, dá gosto de ver o serviço deles com carinho e competência e facilitam na hora de pagar.

No dia 29 de setembro, soltamos as amarras do cais da Tlaloc e fomos para o Pirata’s mall fazer compras : mantimentos, uma vara de pescar, vai que damos sorte…. Bem, a primeira coisa foi ter que explicar para Marina que onde estávamos não era o lugar dos “piratas maus “…..Achamos uma boa vaga para o barco, parecia estar estacionado no shoping , só que bem mais fácil. Fizemos as compras e seguimos para nossa querida enseada de Ubatubinha……Um garoto veio num botinho e nos deu a poita, muito gentil o pessoal do Lelé. Fizemos um linguini com tomate fresco, mussarela de búfalo e manjericão , Marina dormiu cedo e nós ficamos no cockpit admirando a noite, conversando.

Logo cedo ( bem cedo !!) Marina veio dar beijos de bom dia…..Tomamos café ao som dos gansos, que vieram reinvidicar seu pãozinho matinal. Quando saímos no cockpit havia uma casal num botinho admirando o Bossa Nova, eram argentinos estavam de ferias em família. Bem, arrumamos as coisas e fomos para enseada das Palmas. No caminho o Mauricio nos chamou para ver algo estranho no horizonte e de repente vimos um pinguim, perdido nas nossas águas E nós que achamos que estávamos navegando longe. Marina adorou, mas perguntou se ele estava perdido de sua casa, o aquario, pois ela só tinha visto pinguim no aquário de Ubatuba. Logo em seguida fomos saudados por um grande cardume de golfinhos que fizeram sua dança ao nosso lado….Lindo!!!Marina pulava de alegria, e falava “golfinhos, amo muito vocês, eu amo….”Valeu o dia!!!!!

Fazia tempo que não íamos para Palmas, a enseada estava diferente. Mais habitada, havia um bar flutuante, turistas. Um veleiro argentino e nós. O dia estava bem bonito, passeamos pela praia, andamos no botinho e dormimos cedo . Revimos a previsão do tempo mais uma vez, que o Cristiam e a Fernanda tinham imprimido e optamos em sair 4:00h, pois navegaríamos menos tempo durante a noite e chegaríamos no Rio num horário razoável. Quem consiguia dormir imaginando como seria esta navegação que tínhamos programado. Será que tinha sido a melhor opção?
As 4:00h o dispertador tocou e rapidamente ligamos o motor. Demos uma olhada em volta, havia alguma nebulosidade mas era possíel enchergar a silueta da Ilha das Palmas e seguimos deixando por bombordo a Ilha e assuminos nosso rumo programado. Quando olhavamos a tela do radar ao nosso redor tinham tantos alvos e pontos de luz a nossa frente que ficamos na dúvida se estavamos ainda no continente ou nos dirigiamos para a restinga. Comparamos as informações que tinhamos disponíveis ( radar, ploter, GPS e visual ) e concluímos que eram muitos navios. Convocamos o James para manter o rumo e ficamos de olhos abertos

O mar estava calmo até o final da restinga da Marambaia, que parece não acabar nunca!!!!Depois o vento foi aumentando cerca de 1 nó por hora, sempre de cara e a corrente contra, perdemos velocidade. Fazíamos inicialmente os habituais 6 nós e foi caindo até 4,2 nós. O sol foi abrindo, começamos a ver o recreio do Bandeirantes , Marina acordou, e com o balancinho do mar, comeu e dormiu de novo. Continuamos nossa navegação , não velejamos, pois com vento e corrente contra o jeito era mesmo motorar.
O mundo passava rápido na nossa cabeça e se transformavam em ifinitos textos a serem escritos. É incrível como o mar tem esta capacidade de te levar a sonhar ainda mais. A sensação de paz era muito grande e os problemas pareciam mais distantes que a costa.
Muitos pássaros marinhos nos acompamhavam, principalmente os atobás, fazendo suas manobras para garantir um peixinho.
Começamos a identificar a costa do Rio e as praias. Esta cidade tem muitas histórias e muitas delas relacionadas à bossa nova e seus personagens. Passamos pela pedra do arpoador e lembramos das descrições do Tom Jobim, que olhava o mar e compunha inesquesíveis canções.
O Pão de Açucar era um ponto para lá de notável e nos ajudava a localizar a entrada da baia da Guanabara. Deixamos as Ilhas Cagarras por boreste e entramos. Muitas vagas de leste e o vento apertando. Esta sem dúvida era uma baia diferene das que estavamos acostumados.
Chegamos a Urca, na frente do antigo casino com o Cristo de braços abertos à boreste no Corcovado a bombordo o famoso bondinho. O barulho de carros, ônibus e aviões nos faziam constatar que estavamos em uma cidade grande, mas com uma belez encantadora, que nos abrigava em sua tranquila enseada, para comtemplarmos seus encantos..
Fundeamos e sentamos no cockpit, os três abraçados e comemoramos, na calada , mais esta parte da viajem em segurança.

domingo, 3 de outubro de 2010

Ubatuba a Bracuhy











Ubatuba a Bracuhy ( 13 a 17 de setembro de 2010 )

Após uma faina interminável de infinitos detalhes, soltamos as amarras da poita.
Uma última olhada no Saco da Ribeira onde tudo começou e agora já fazia parte de um capítulo da nossa história.
Aproamos para a Ilha Anchieta e colocamos as 2.500 rpm no motor, como havia sido recomendado pelos “meninos do Ancelmo “. Ao passarmos pela Ilha estavamos em mar aberto e as vagas vinha nos dar as boas vindas. Acionamos o James ( piloto automático ) e marcamos nosso rumo e veio a primeira grande dúvida : eram 10:30 h AM , será que teriamos tempo para passar a Ponta da Joatinga, ainda com luz e em segurança? A enseada do sono parecia uma opção conservadora, mas após muitos cálculos e conjecturas decidimos ir em frente e dormir em um local mais abrigado.
O vento como de constume nesta região era de cara e a corrente cerca de 2 nós, o mar tinha vagas grandes de mais ou menos 1,5 a 2 metros e o bossa nova galgava-as com galhardia mostrando .
Nos revezávamos na navegação e a Marina com o balancinho resolveu tirar uma soneca o que foi providencial.

Passamos mais esta vez pela Ponta da Joatinga guardando uma distância respeitosa e nos dirigimos a Paraty Mirim, na Ilha da Cotia. Ao chegarmos ,uma show de porto de sol nos aguardava enqanto baixavamos nossa âncora.
Esta Ilha é muito abrigada e traquila com uma prainha que é uma graça.
Pela manhã, após um gostoso café da manhã saimos em direção a Bracuhy. Não resistimos e resolvemos dar uma paradinha na Ilha de Paquetá. Fundeamos e começavamos a admirar a beleza do local quando aquele vento, velho conhecido, começou a entrar firme, o noroeste. Ninguem merce, levantamos ancora e fomos direto para Bracuhy.
Chegamos em Bracuhy 14:30 h e nos dirigimos para a Tlaloc (www.tlaloc.com.br), onde nos aguardavam para colocar nosso bimini. Neste dia encontramos um velho amigo, Ricardo Lepreri ( www.angrasail.com) que durante alguns anos nos alugou seu barco, um cabo horn 35 , que nos deu muitos momentos agradáveis e aprendizado. Ele tomou um chá conosco e deu muitas dicas sobre motor e outras também importantes pra nós. No dia seguinte, chovia muito e ele nos deu carona até o ponto de ônibus para irmos ao Rio. Lá fomos na loja o Veleiro, comprar as últimas cartas náuticas que faltavam. A loja é muito legal, com artigos decorativos para barcos, miniaturas, livros , enfim, demais!!! No outro dia pegamos um voo , para não perder o costume, fomos trabalhar por 1 semana ( que já é muito) . Também estávamos ansiosos para conhecer nossa Linda sobrinha que chegou: Beatriz, filha da Chris e Assis. Deix.amos nossa Marina no aconchego da família em Belém e seguimos viajem para Redenção

domingo, 12 de setembro de 2010

Primeira navegada



Após tres dias de muito vento, batendo em 25 nós o que tornava o desnbarque do barquinho da Aumar uma aventura, com Marina, compras etc.., finalmente um lindo dia de sol e uma brisa tranquila. Logo cedo o Miguel ( marceneiro naval ) esteve a bordo para os últimos remates, seguido pelo Teles que também veio instalar alguns equipamentos para as velas e o Alexandre para os retoques da popa. Na hora do almoço o Roberto e o Yuri chegaram para a revisão dos instrumnetos eletrônicos o que foi até o final da tarde quando fomos dar uma voltinha para calibragem final dos instrumentos. Em paralelo ao nosso "teste", os amigos do Terrius, o Bernardo e a Rosangela, faziam uma gostosa velejada. Quando terminaram os testes, nos despedimos e eles foram embora. Sentamos no cockpit respiramos profundamente enquando observavamos a lua no seu quaro crescente e inúmeras estrelas que apareciam. Determinamos o final da construção do Bossa Nova.
Acordamos cedo e partimos para Ilha Anchieta, cerca de 5 milhas do Saco da Ribeira, o mar estava calmo e a temperatura agradável com o sol dando o ar da graça. Podemos sentir pela primeira vez,o bossa nova em nossas mãos, deslisando suave a 6 nós, estável e com o leme leve.
Ao chegarmos na Ilha Anchieta, fizemos o café da manhã, junto com os amigos do Terrius, com ar de despedida, pois era o último dia de férias e retornariam São José e não sabiamos quando os veriamos de novo.
Ao retornamos a nossa poita no Saco da Ribeira, passamos a planejar nossa primeira perna da viajem e que ainda dependeria e alguns apertos nas correias do motor antes de partimos.

Ao retornar

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Primeiro dia a bordo



Após a colocação do Bossa Nova na água, fizemos uma trégua de 1 hora para comemorações, e retornamos o trabalho para torná-lo habitável.Por mais que nos esforçássemos só foi possível mudar para o barco no dia 7,dois dias depois.
No dia 7 de setembro, comemoramos nossa independência, pois saimos do cais do Saco da Ribeira e fomos para uma poita. Durante os arrajos finais a Marina dormiu na sala mesmo e fizemos nosso jantar, um risoto de fungh secci, e um espumante especial.
Não estavamos acreditando na cena, um brinde no aconchego da cabine, como tinhamos imaginado muitas vezes.
Caía uma chuvinha fina e o vento fazia um barulho característico nos cabos contra o mastro. A aguá do mar batia no casco do Bossa Nova como um carinho de que nos esperava há tempos e neste embalo dormimos nossa primeira noite a bordo.

domingo, 5 de setembro de 2010

Bossa nova na água





Bossa Nova : Nosso sonho no mar

Hoje, dia 05 de setembro de 2010 às 13h , pela primeira vez nosso Bossa Nova tocou as águas do atlântico sul no Saco da Ribeira em Ubatuba-SP. Flutuando calmamente, seu casco emitia o som das águas, como os acordes mais sutis de Tom Jobim....abençoado por ondinas, Iemajá , Yara e Netuno...Caía uma chuva fina lavando seu convés, deixando-o limpo para uma nova jornada.
Enquanto o Bossa Nova descia a rampa rumo ao oceano, na nossa mente vinha uma retrospectiva , desde a idéia de construí-lo, todas as fazes, o aprendizado, as dificuldades etc e nossa vida que durante estes anos foi mudando, se redirecionando, se transformando, rumo ao mar.....E agora ele está bem na nossa frente....
Muitas emoções.... Amigos velejadores: Kasuo, Bernardo , Rosângela e família, amigos que tornaram possivel o Bossa nova estar na água : Conrado e equipe, Roberto , Teles , Dina, Alexandre e todos do Tietê pinturas, Miguel e seu belo trabalho de marcenaria, Seu Wilton e Fábio, excelente marinheiros que muito ajudaram durante o “trabalho de parto” e muitos que não conhecemos mas que estavam no cais na chuva puxando cabos para que o Bossa Nova flutuasse livre da carreta. O veleiro Eolo que nos rebocou até a o outro lado do cais e todos aquele que ajudaram na construção deste sonho e aqueles que sonham conosco com muitas velejadas....Nosso muito obrigado!!!!
A partir de hoje , iniciamos uma nova fase de nossas vidas, passaremos a morar no barco e iniciaremos nossa viajem rumo ao norte.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A construção




Após uma longa conversa naqueles finais de tarde em que tudo dá certo para chegar em casa cedo, nas águas de uma banheira, à luz de velas, com a bossa nova deixando os sonhos mais possíveis... decidimos que nosso sonhado barco seria construído.

Os motivos que nos levaram a esta opção, na verdade foram muitos, que pesavam para um lado e para o outro, mas acho que dois formam decisivos: as opções de barcos prontos com características de veleiros de oceano para longos cruzeiros, não eram abundantes ( tamanho dos tanques, quantidade de armários, resistência, etc, etc e etc....). O segundo é que não havia financiamentos razoáveis que coubesse em nosso orçamento.

Entramos em contato com o Cabinho (www.yachtdesign.com.br ) e compramos um catálogo de projetos. Passamos a analisar vários projetos e nos apaixonamos por vários, que variavam desde a simplicidade do mulichine 28 até a complexidade do cabo horn 40. Em uma de nossas visitas ao Pará, vizitamos um tradicional estaleiro de barcos de madeira em Abaetetuba e conversamos com um artesão caboclo, figura, chamado Spergueti que ouviu nossas explicações do que seria Samoa 33 ( era o que tínhamos escolhido ), características do projeto e nossas intenções e disse : Esse tamanho é muito “zito” para o oceano ache um grande e volte aqui. Olhamos o catálogo e como a mão de obra local era barata, voltamos e pedimos para orçar o cabo horn 40, demos alguns detalhes do projeto , ele pensou e disse “meu senhor, aqui nois semo engenheiro de nascença....Não precisa de planta, só me diga quanto tem de buca e de comprimento, o senhor não vai se arrepender, vai ficar lindo e forte e com luxo ( acabamento primoroso em madeira ). Bem vimos que eles eram ótimos para fazer escunas de madeira com fama internacional, mas veleiros...
Voltamos para São Paulo e após nova conversa com Cabinho sobre indicações de quem construir, fomos atrás destes estaleiros e assim chegamos ao Conrado Becker,(www.conradobeckerembarcacoes.com.br)falamos de nossas pretensões com um veleiro e ele achou que deveríamos fazer um charter com Brita e Robertos Cepas, do veleiro Makai ,para conhecermos um 28. Voltamos de um delicioso final de semana velejando no Makai e decididos a fazer o 28. Seria um sonho possível. Conversamos com nossos grandes amigos Argemiro Scatolini e Helio Cardim, companheiros de trabalho e intermináveis conversas sobre futuras velejadas e os três decidiram comprar o projeto do 28.

Vendemos nosso marreco ( veleiro de 16 pés), compramos mogno e começamos nossa saga....
Após algum tempo o Conrado havia terminado o casco de um 33 e nos chamou no cantinho e disse: olha eu sei que o projeto que vocês gostariam de ter é o Samoa 33 e depois de construir este casco, acho que não vai ficar muito diferente em relação a mão de obra as outras coisas vocês compram com calma. Caímos neste conto com muita alegria....Era tudo o que desejávamos, um barco com uma paredinha na sala para por relógio, barômetro, quadrinho....Bom espaço interno, casco forte, para nós a “síntese “ do que seria um barco para longos cruzeiros.

Assim, felizes, vendemos nossas anteparas e compramos um bom tanto de mogno para começar o 33. Cuja características características construtivas são: casco feito em strip planking ( ripas de madeira maciça coladas e cavilhadas tendo como moldes as anteparas),este casco foi fibrado por dentro e por fora e sempre usando resina epóxi, meu Deus, quanta resina epóxi!!!.
O convés foi construído em play glass , ou seja , com tábuas de compensado naval também revestidas interna e externamente com fibra de vidro.

Nesta fase começou a etapa mais demorada do processo que foi a construção do interior. Acho que 70% do tempo de construção foi com interior do barco. São infinitos detalhes, construídos artesanalmente um a um.


Quando achamos que a coisa estava quase pronta, descobrimos que ainda faltavam muitos detalhes, aço inox, elétrica, hidráulica e a pintura. Sem falar naqueles brinquedinhos eletrônicos, é claro.

Com muito suor e lágrimas,um a um dos “detalhes” foram sendo resolvidos até que a fase final, já no Saco da Ribeira ( Ubatuba –SP ), parecia véspera de lançamento de foguete na NASA. Eram quatro equipes trabalhando simultaneamente e a gente correndo atrás do que faltava.
Na última semana, mudamos para o Saco da Ribeira, em uma pousada e passamos a nos dedicar em período integral.

Foram sete anos de construção do nosso barco, e uma vida que foi mudando, se adaptando, se redirecionando.

Nosso barco está muito bonito, forte e com as características que havíamos sonhado, ou seja preparado para longos cruzeiros oceânicos e a um custo final cerca de 2/3 do custo de um barco pronto, pagos em “ suadas prestações “.