domingo, 12 de setembro de 2010

Primeira navegada



Após tres dias de muito vento, batendo em 25 nós o que tornava o desnbarque do barquinho da Aumar uma aventura, com Marina, compras etc.., finalmente um lindo dia de sol e uma brisa tranquila. Logo cedo o Miguel ( marceneiro naval ) esteve a bordo para os últimos remates, seguido pelo Teles que também veio instalar alguns equipamentos para as velas e o Alexandre para os retoques da popa. Na hora do almoço o Roberto e o Yuri chegaram para a revisão dos instrumnetos eletrônicos o que foi até o final da tarde quando fomos dar uma voltinha para calibragem final dos instrumentos. Em paralelo ao nosso "teste", os amigos do Terrius, o Bernardo e a Rosangela, faziam uma gostosa velejada. Quando terminaram os testes, nos despedimos e eles foram embora. Sentamos no cockpit respiramos profundamente enquando observavamos a lua no seu quaro crescente e inúmeras estrelas que apareciam. Determinamos o final da construção do Bossa Nova.
Acordamos cedo e partimos para Ilha Anchieta, cerca de 5 milhas do Saco da Ribeira, o mar estava calmo e a temperatura agradável com o sol dando o ar da graça. Podemos sentir pela primeira vez,o bossa nova em nossas mãos, deslisando suave a 6 nós, estável e com o leme leve.
Ao chegarmos na Ilha Anchieta, fizemos o café da manhã, junto com os amigos do Terrius, com ar de despedida, pois era o último dia de férias e retornariam São José e não sabiamos quando os veriamos de novo.
Ao retornamos a nossa poita no Saco da Ribeira, passamos a planejar nossa primeira perna da viajem e que ainda dependeria e alguns apertos nas correias do motor antes de partimos.

Ao retornar

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Primeiro dia a bordo



Após a colocação do Bossa Nova na água, fizemos uma trégua de 1 hora para comemorações, e retornamos o trabalho para torná-lo habitável.Por mais que nos esforçássemos só foi possível mudar para o barco no dia 7,dois dias depois.
No dia 7 de setembro, comemoramos nossa independência, pois saimos do cais do Saco da Ribeira e fomos para uma poita. Durante os arrajos finais a Marina dormiu na sala mesmo e fizemos nosso jantar, um risoto de fungh secci, e um espumante especial.
Não estavamos acreditando na cena, um brinde no aconchego da cabine, como tinhamos imaginado muitas vezes.
Caía uma chuvinha fina e o vento fazia um barulho característico nos cabos contra o mastro. A aguá do mar batia no casco do Bossa Nova como um carinho de que nos esperava há tempos e neste embalo dormimos nossa primeira noite a bordo.

domingo, 5 de setembro de 2010

Bossa nova na água





Bossa Nova : Nosso sonho no mar

Hoje, dia 05 de setembro de 2010 às 13h , pela primeira vez nosso Bossa Nova tocou as águas do atlântico sul no Saco da Ribeira em Ubatuba-SP. Flutuando calmamente, seu casco emitia o som das águas, como os acordes mais sutis de Tom Jobim....abençoado por ondinas, Iemajá , Yara e Netuno...Caía uma chuva fina lavando seu convés, deixando-o limpo para uma nova jornada.
Enquanto o Bossa Nova descia a rampa rumo ao oceano, na nossa mente vinha uma retrospectiva , desde a idéia de construí-lo, todas as fazes, o aprendizado, as dificuldades etc e nossa vida que durante estes anos foi mudando, se redirecionando, se transformando, rumo ao mar.....E agora ele está bem na nossa frente....
Muitas emoções.... Amigos velejadores: Kasuo, Bernardo , Rosângela e família, amigos que tornaram possivel o Bossa nova estar na água : Conrado e equipe, Roberto , Teles , Dina, Alexandre e todos do Tietê pinturas, Miguel e seu belo trabalho de marcenaria, Seu Wilton e Fábio, excelente marinheiros que muito ajudaram durante o “trabalho de parto” e muitos que não conhecemos mas que estavam no cais na chuva puxando cabos para que o Bossa Nova flutuasse livre da carreta. O veleiro Eolo que nos rebocou até a o outro lado do cais e todos aquele que ajudaram na construção deste sonho e aqueles que sonham conosco com muitas velejadas....Nosso muito obrigado!!!!
A partir de hoje , iniciamos uma nova fase de nossas vidas, passaremos a morar no barco e iniciaremos nossa viajem rumo ao norte.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A construção




Após uma longa conversa naqueles finais de tarde em que tudo dá certo para chegar em casa cedo, nas águas de uma banheira, à luz de velas, com a bossa nova deixando os sonhos mais possíveis... decidimos que nosso sonhado barco seria construído.

Os motivos que nos levaram a esta opção, na verdade foram muitos, que pesavam para um lado e para o outro, mas acho que dois formam decisivos: as opções de barcos prontos com características de veleiros de oceano para longos cruzeiros, não eram abundantes ( tamanho dos tanques, quantidade de armários, resistência, etc, etc e etc....). O segundo é que não havia financiamentos razoáveis que coubesse em nosso orçamento.

Entramos em contato com o Cabinho (www.yachtdesign.com.br ) e compramos um catálogo de projetos. Passamos a analisar vários projetos e nos apaixonamos por vários, que variavam desde a simplicidade do mulichine 28 até a complexidade do cabo horn 40. Em uma de nossas visitas ao Pará, vizitamos um tradicional estaleiro de barcos de madeira em Abaetetuba e conversamos com um artesão caboclo, figura, chamado Spergueti que ouviu nossas explicações do que seria Samoa 33 ( era o que tínhamos escolhido ), características do projeto e nossas intenções e disse : Esse tamanho é muito “zito” para o oceano ache um grande e volte aqui. Olhamos o catálogo e como a mão de obra local era barata, voltamos e pedimos para orçar o cabo horn 40, demos alguns detalhes do projeto , ele pensou e disse “meu senhor, aqui nois semo engenheiro de nascença....Não precisa de planta, só me diga quanto tem de buca e de comprimento, o senhor não vai se arrepender, vai ficar lindo e forte e com luxo ( acabamento primoroso em madeira ). Bem vimos que eles eram ótimos para fazer escunas de madeira com fama internacional, mas veleiros...
Voltamos para São Paulo e após nova conversa com Cabinho sobre indicações de quem construir, fomos atrás destes estaleiros e assim chegamos ao Conrado Becker,(www.conradobeckerembarcacoes.com.br)falamos de nossas pretensões com um veleiro e ele achou que deveríamos fazer um charter com Brita e Robertos Cepas, do veleiro Makai ,para conhecermos um 28. Voltamos de um delicioso final de semana velejando no Makai e decididos a fazer o 28. Seria um sonho possível. Conversamos com nossos grandes amigos Argemiro Scatolini e Helio Cardim, companheiros de trabalho e intermináveis conversas sobre futuras velejadas e os três decidiram comprar o projeto do 28.

Vendemos nosso marreco ( veleiro de 16 pés), compramos mogno e começamos nossa saga....
Após algum tempo o Conrado havia terminado o casco de um 33 e nos chamou no cantinho e disse: olha eu sei que o projeto que vocês gostariam de ter é o Samoa 33 e depois de construir este casco, acho que não vai ficar muito diferente em relação a mão de obra as outras coisas vocês compram com calma. Caímos neste conto com muita alegria....Era tudo o que desejávamos, um barco com uma paredinha na sala para por relógio, barômetro, quadrinho....Bom espaço interno, casco forte, para nós a “síntese “ do que seria um barco para longos cruzeiros.

Assim, felizes, vendemos nossas anteparas e compramos um bom tanto de mogno para começar o 33. Cuja características características construtivas são: casco feito em strip planking ( ripas de madeira maciça coladas e cavilhadas tendo como moldes as anteparas),este casco foi fibrado por dentro e por fora e sempre usando resina epóxi, meu Deus, quanta resina epóxi!!!.
O convés foi construído em play glass , ou seja , com tábuas de compensado naval também revestidas interna e externamente com fibra de vidro.

Nesta fase começou a etapa mais demorada do processo que foi a construção do interior. Acho que 70% do tempo de construção foi com interior do barco. São infinitos detalhes, construídos artesanalmente um a um.


Quando achamos que a coisa estava quase pronta, descobrimos que ainda faltavam muitos detalhes, aço inox, elétrica, hidráulica e a pintura. Sem falar naqueles brinquedinhos eletrônicos, é claro.

Com muito suor e lágrimas,um a um dos “detalhes” foram sendo resolvidos até que a fase final, já no Saco da Ribeira ( Ubatuba –SP ), parecia véspera de lançamento de foguete na NASA. Eram quatro equipes trabalhando simultaneamente e a gente correndo atrás do que faltava.
Na última semana, mudamos para o Saco da Ribeira, em uma pousada e passamos a nos dedicar em período integral.

Foram sete anos de construção do nosso barco, e uma vida que foi mudando, se adaptando, se redirecionando.

Nosso barco está muito bonito, forte e com as características que havíamos sonhado, ou seja preparado para longos cruzeiros oceânicos e a um custo final cerca de 2/3 do custo de um barco pronto, pagos em “ suadas prestações “.