domingo, 25 de março de 2012

fotos do interior do Bossa Nova






foto do valente cangulo e sereia da Marina


Um passeio para abraçar o Bossa Nova






Mudamos do nosso Bossa Nova em novembro de 2010 e passamos a morar em Belém/PA, desenvolvendo o Projeto Amazônia Transplantes. Em março de 2011 voltamos ao barco com uma amiga americana , Lia e passamos uns dias na Ilha Grande. Tudo muito tranquilo e agradável, mas logo tivemos que voltar para Belém.
Neste ano trabalhamos duro e apesar de algumas tentativas não conseguimos vim ver o Bossa Nova. As idéias se sucediam:como leva-lo para a Amazônia( Belém, Santarém...)
Nossa preocupação que o barco estivesse se deteriorando era grande. Neste meio tempo tivemos que trocar as baterias e retocar o verniz dos detalhes de madeira do convés. Alguns convidados não desejados ( brocas ) foram localizados e eliminados com uma poderosa detetização. Por último o TOM, nosso bote de apoio, teve que passar por uma cirurgia plástica pois teve alguns descolamentos. Após o tratamento ficou zerado.
Surgiu a oportunidade e mais uma vez apareceram inúmeros compromissos inadiáveis e já a sensação de culpa por deixar alguns dia o trabalho. Criamos coragem e nos cercamos de bons amigos para segurar as pontas, raspamos as milhas do cartão e a tripulação se pôs em marcha, quase por decreto.
A Márcia foi alguns dias antes para um Congresso em São Paulo e eu e a Marina juntamos as tralhas e fomos 3.000 Km para o Sul até São Paulo, de avião.
Ao chegarmos em São Paulo alugamos um poderoso UNO que seria nosso apoio na viajem. Pegamos a Márcia na casa de uma amiga a Regininha e fomos para a casa de minha mãe, Dona Yva, que como de costume, já tinha preparado tudo para o aniversário da Márcia. Vieram meus irmãos, Mara e Marcelo com os respectivos Eliana e Luiz Henrique e ficamos conversando até tarde.
No final da manhã do dia seguinte tínhamos conseguido colocar as coisas no super uno com a tripulação pronta partimos para Ubatuba. Resolvemos parar no Peixe com Banana, sub sede do “ Clube dos Velejadores”, como Bernardo e a Rosangela do veleiro Terrius chamavam. Este era um lugar de parada obrigatória quando íamos para Ubatuba acompanhar a construção do Bossa Nova e fazer os inúmeros planejamentos com o Conrado.
Ao Após saborearmos o imperdível badejo grelhado com o arroz de alho e de sobremesa a tradicional banana com canela, fomos para o centro de Ubatuba comprar as provisões. No caminho a Marina avistou o Aquário e mais uma vez fez questão de dar “só uma olhadinha”.
Ver a carinha dela com os olhos brilhando a cada tanque que se sucedia e as expressões de exclamação como se fosse a primeira vez, valeu a pena mais essa olhadinha.
Fizemos um mercado rápido e partimos para Bracuhy. A cabeça não parava de pensar, como estaria o barco, se deveríamos continuar com ele ou se seria mais lógico vendê-lo. Se deveríamos deixá-lo em Bracuhy ou leva-lo para a Amazônia, quem sabe para Salvador?
Estas dúvidas estavam nos tirando a paz.
Cheganos em Bracuhy no final da tarde e o Hudson, nosso marinheiro, estava nos aguardando. Entramos no cais C e lá estava ele, o Bossa Nova, limpinho e cheiroso, como tinhamos deixado há um ano atrás. Fomos tomados de uma emoção profunda e os três se entreolharam e sem dizer nenhuma palavra a mensagem era uma só. Que bom que estamos em casa de novo.
Os fantasmas iam se dissipando, pois o Hudson tinha cuidado muito bem do Bossa e tudo estava funcionando, no lugar.
Arrumamos as tralhas e íamos lembrando e redescobrindo tesouros escondidos, com lápis de cor, cadernos de pintura, a guitarra da Marina e seus bichinhos.
Como já era tarde resolvemos comer um carninha no amigo francês do cais e fomos dormir felizes.
Pela manhã iniciamos a faina de pegar gelo, completar os tanques com água e checar tudo.
Tudo Ok. Lá vamos nós. Como de costume fizemos um reunião para planejar as manobras de saída da marina e o reabastecimento. Quase tudo liso...também 1 ano depois...
Saímos de Bracuhy em direção ao quintal de casa, Ubatubinha. O vento ameno, sempre do proa e a Márcia notou um barulho estranho do motor quando em baixa rotação. Fizemos os testes em alta e baixa e constatamos que não havia comprometimento do desempenho. Vamos em frente e depois faremos os reajustes.
Passamos pela Ilha da Gipóia e avistamos o quadrado de cimento que denuncia a entrada do Baia do Sitio Forte, muito útil para nossa orientação. Surpresa não tão boa foi avistar um imensa plataforma de petróleo logo na saída da Enseada do Bananal.
Cerca de duas horas depois estávamos entrando em Ubatubinha e pegamos uma boa poita perto do bar do Lelé. Mais uma vez uma manobra quase perfeita, mas foi de "prima".
Como estava nublado e nós sem vontade de sair do Bossa Nova, resolvemos ficar por ali mesmo e curtir a ancoragem. Passamos a fazer mais algumas arrumações e a Marcia se inspirou para checar como estava o fogão. Mais um boa surpresa, o fogão funcionava muito bem e com a costumeira eficiência. Pouco tempo depois estava saíndo uma macarronada alho e óleo com azeitonas pretas e nozes, que banquete!
Enquanto comíamos no cockpit a Marina resolveu dar um pouco de pão aos peixinhos (na proporção de 2 pra ela e 1 para os peixes ) que sempre apreciavam muito. Os gansos não demoram e também vieram dar as boas vindas. Não me lembro de outro lugar em que os gansos nadem no mar.
Escureceu cedo, meio nublado e fresquinho, um kit perfeito para a tripulação cansada dormir cedo.
Todas as dúvidas pareciam estar amenizadas e embora ainda não resolvidas pareciam em compasso de espera.
Pela manhã, bem cedo, a Marina entrou no quarto, dizendo que já tinha arrumado a mesa do café da manhã e que aguardava seu “ colate de beber”, leite com chocolate matinal.
Demos uma olhada pela vigia de popa e constatamos que a previsão do tempo estava certa: sol, mar lindo esverdeado e aquele barulhinho no casco que a água do mar faz.
Aquela sensação nos remeteu ao tempo em que está era nossa rotina de todos os dias.
Fomos então para a sala e vimos que a Marina realmente tinha arrumada a mesa. Que progresso! É muito gostoso ver com a Marina se integra ao dia a dia do barco e como fica a vontade.
Durante o café da manhã conversamos sobre os planos do dia e resolvemos não ter planos e ficar aproveitando a praia.
Pegamos o Tom e fomos remando até a praia. O tempo traz coisas boas, melhoramos nossa sincronia no remar e até a Marina ajudou.
Passeamos pela praia e catamos muitas conchas de formas e cores diferentes. Pedimos licença aos gansos que estavam se secando ao sol e passamos.
No canto da praia tem um fonte de água doce geladinha e limpa, essencial para uma boa refrescada.
A Marininha resolveu por em prática seus dotes arquitetônicos e construiu um castelo de areia todo decorado com as conchinhas. Enquanto construíamos o castelo éramos observados por um siri albino que ia e vinha da sua toca como num bale.
Com o sol já a pino e as barrigas já apresentando os primeiros roncos, resolvemos fazer uma visita ao Lelé. Pegamos o Tom e fomos remando, era perto e agradável, sem correnteza ou vento. Pedimos uns pasteizinhos e uma batida de coco, talvez a melhor do mundo!
Dois dedinhos de proza com o Lelé para saber das novidades e a constatação que nada mudou. Que bom.
Naquela noite ficamos por lá mesmo e tivemos a oportunidade de contemplar um céu forrado de estrelas, tantas que parecia poeira. Este céu é um convite a filosofia e a reflexão sobre a vida. Momentos perfeitos que o dia a dia da cidade, corrido, acabamos esquecendo.
No dia seguinte fomos para o saco do céu e nos sentimos como antigos piratas a procurar o esconderijo perfeito. Quando se olha de fora não se consegue ver a entrada da baia.
Ancoramos nosso barco e começamos a nos preparar para um merecido descanso. A Marina então resolveu que deverímos pescar. Mesmo sem muita convicção, peguei minha vara, “ ecológica”, com um currículum não dos melhores em pegar peixes, a isca artificial e vamos lá. Após algumas tentativas infrutíferas resolvemos encarar o problema. Que tal trocar esta isca artificial por algo mais emocionante? Olhamos para o lado e a resposta parecia lógica, o salame. Não é que deu certo. Pegamos um bagre que em poucos minutos era parte de nosso jantar e a Marina orgulhosa do feito.
A noite estava especialmente linda, mesmo sem lua, muitas estrelas e noctilucas brilhando no mar a cada peixe que passava, lindo.
Quando jogamos, os restos mortais orgânicos do jantar, ao mar foi um festa de cores com o movimento dos peixes.
Pela manhã tomamos um gostoso café da manhã e resolvemos ir até Palmas.
Passamos pelo Abraão e nos dirigimos para enseada de Palmas. É uma parte da Iha Grande onde as vagas são algo maiores pois estamos no limite do mar aberto. Ao passar pela Ilha das Palmas lembramos que na noite que fomos para o Rio de janeiro, na primeira vez, estava nublado e tinham tantos barcos ao redor desta ilha que no radar parecia uma cidade.
Ancoramos e soltamos cinco vezes a profundidade. Só usamos corrente o que nos dá segurança. Pegamos o Tom e fomos para a praia, no caminho um linda tartaruga veio dar as boas vindas.
Estavamos passeado na praia quando vimos que o tempo estava mudando e o mar ficando cada vez mais agitado. Decisão foi rápida, nem pensar em dormir por aqui nestas condições. Vamos embora.
Saímos em direção a Enseada do Sítio Forte aproveitando o passeio. A Marina está na fase de documentar tudo que acontece com desenhos e lá estava ela na lida de desenhar.
Chegamos no final da tarde em Ubatubinha, pegamos nossa poita e resolvemos tentar a sorte na nossa vara não mais ecológica.
Passamos direto para a tática do salame. O peixe roubou vários salames e já tínhamos concluído que se tratava de um peixe italiano. Mas... de repente um puxão grande e a vara vergou muito. Momento de euforia a bordo e apreensão até que conseguimos tirá-lo da água. Era um cangulo ( tiger fish ) de cerca de 1 Kg. Sempre ouvi dizer que os peixes coloridos não são muito bons para comer. O tal do cangulo contrariava a regra, pois tem carne branca firme, praticamente não tem espinhos e a pele se solta com facilidade. Os três devoraram o peixinho entre suspiros de prazer, por tê-lo pego e por ser tão gostoso.
A última noite foi regada a um bom vinho, com este cardápio invejável e um cenário de estrelas dignos da ocasião.
Pela manhã logo após o café da manhã saímos em direção a Bracuhy. Não existiam mais as dúvidas que angustiavam, nosso coração e a tripulação em unisso tomou a decisão. Vamos ficar com o nosso Bossa Nova.
Felizes, demos uma geral nele antes de partir, vistamos nosso amigo Ricardo Lepreri em Bracuhy e fomos pra Paraty. Cidade estava linda, calma mas com bares e restaurantes com velas sobre as mesas e muita Bossa Nova no ar.
Depois fomos para São Sebastião , ligamos para uns amigos e fomos matar a saudade comendo um bom camarão e peixinho. Seguimos para Ilhabela....Ah ! como é linda essa ilha tantas boas recordações.....Ficamos na casa de nossa querida amiga Gabriela, mas muitos amigos ofereceram a casa para ficarmos....Foi muito agradável e percebemos emocionados que como fizemos laços fortes com nossos amigos da Ilhabela, nossos tesouros “ da vida no mar “. Saímos da Ilha já pensando na volta ...que esperamos ser breve.